terça-feira, 30 de novembro de 2010

SÃO MAIS DE UMA CENTENA AS ATUAIS VILAS DO FANADO

FANADO (originalmente chamado de Tamboá, pelos nativos de então) é o nome do rio que banha o município de Minas Novas, sendo ele um dos braços do Araçuai, afluente do Rio Jequitinhonha. A origem do nome é polêmica pois o significado remete a algumas evidências como o fato de que, no pequeno curso desse rio terem sido encontradas as lavras de ouro de forma alternada, em sítios equidistantes e localizados nas barras de alguns pequenos córregos tributários, justificando assim o termo "fanado" que equivale a "enterrompido" ou "falhado". Uma outra versão, também muito provável, relaciona-se ao fato de que os mineiros que ali se dedicavam ao garimpo, em sua grande maioria eram  judeus (cristãos-novos) refugiados da Inquisição e, portanto, circuncidados ou fanados (costume que era comum - também - entre os escravos vindos da região africana de Guiné e Angola, que trouxeram de lá rituais sagrados relacionados ao credo muçulmano)

À primeira povoação (aldeamento) formada pelos garimpeiros, cambalacheiros, tropeiros, escravos e índios domesticados, chamou-se de Arraial do Bonsucesso das Lavras Novas de São Pedro do Arassuai que, pelo próprio nome se deduz referir aos bons resultados daquela nova  mineração que se iniciou no dia 29 de junho de 1727, dia dedicado a São Pedro que, posteriormente, passou a ser o santo padroeiro daquela Freguesia subordinada ao Bispado da Bahia.

E o ouro era tanto e de tão boa qualidade, principalmente as colheitas que se faziam no leito do Ribeirão do Aracati (depois batizado de Bonsucesso) que a riqueza abundante atraiu para a região do Fanado um grande contingente de garimpeiros, negociantes e outros aventureiros, de tal forma que, em pouco menos de três anos o arraial foi elevado à condição de Vila , com a denominação oficial de Vila do Fanado das Minas Novas, com a edificação da Câmara, da Cadeia e da Paróquia, através do decreto real datado de 02 de outubro de 1730. 

Durante mais de 100 anos a Vila do Fanado das Minas Novas era a caquente mais importante da região e sediava a administração de um território equivalente, hoje, a 1/5 do território mineiro, ou seja, todos os municípios do Vale do Mucuri e São Mateus, grande parte do Vale do Jequitinhonha e uma boa parte do Vale do Rio Doce.

A sua importância, como centro administrativo, econômico e cultural, durante muito tempo foi omitida pelas autoridades para que permanecesse incógnita e explorada de forma exaustiva e predatória, tanto por parte dos coroneis ligados ao governo de Minas Gerais como pelo Governo da Bahia, de forma alternada, durante o tempo em que essas duas províncias se digladiavam pela primazia desse rico domínio, junto à Corte de Lisboa. Tal situação, cada vez mais demorada e indefinida foi extremamente  prejudicial aos interesses locais, o que concorreu para sua imediata degradação e empobrecimento, mesmo depois de que - exaurido o ouro - instalou-se nesse território intensa atividade agrícola e pecuária, com ênfase ao algodão aí colhido e da melhor qualidade,  que foi considerado o "ouro-branco" para a economia brasileira, o que perdurou até o alvorecer do século passado. Concomitantemente foi vítima, também, da exploração desordenada de suas florestas naturais de jacarandá, peroba, aroeira, sucupira e outras madeiras de lei, desde aquela época, florestas que foram dizimadas nas glebas que se transformaram em carrascais de jurema, malva e angiquinho, sendo que as chapadas e campos de criar, delas remanescentes, de forma mais criminosa, mais recentemente, foram substituidas por florestas de eucalipto, transformando toda área, mesmo aquelas de vocação para agricultura, as de reservas ambientais, de cerrado, de chapada (ou não) num dos maiores projetos de reflorestamento contínuo que se tem notícia em todo o mundo, atividade que não agrega valores econômicos e sociais à população do atual município de Minas Novas e dos vizinhos. 

Desmembraram-se do antigo município de Minas Novas, em menos de cem anos, várias cidades hoje importantes como Teófilo Otoni, Rio Pardo de Minas, Araçuai, Itamarandiba, Capelinha, Turmalina, Berilo, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Leme do Prado, José Gonçalves de Minas, Jenipapo de Minas, Veredinha, Angelândia, Carbonita, Itambucuri, Carlos Chagas, Nanuque, Malacacheta, Poté, Novo Cruzeiro, Ladainha, Almenara, Jequitinhonha, Rubim, Itaobim, Felizburgo, Pedra Azul, Rio do Prado, Salinas, Taiobeiras, Monte Azul de Minas, Jacinto, Salto da Divisa, Virgem da Lapa, Medina, Comercinho, Itinga, Águas Formosas, Coronel Murta, Campanário, Nova Módica, São José do Divino, Frei Gaspar, Jampruca, Frei Inocêncio, Frei Gaspar, Ouro Verde, Pavão, Palmópolis, Fronteira dos Vales, Caraí, Catugi, Ponto dos Volantes e muitas outras que também destas foram-se emancipando.

Dai a razão de se afirmar que são mais de uma centena as Vilas do Fanado, 

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